Eis o cinismo que permite o liberalismo econômico engolfar o liberalismo político.
THE ECONOMIST 25/03/2014: A farsa
Foreign investors may be holding their nerve on the off-chance that Ms Rousseff loses the election. . In his words, foreign fund-managers cannot afford to go light on Brazil and miss that chance, so they are staying put for now.
S&P downgrades Brazil
Not junk, not great
Mar 25th 2014, 14:39 by J.P. | SÃO PAULO
DILMA ROUSSEFF may say she is committed to monetary and fiscal orthodoxy but few are convinced. Standard & Poor’s (S&P), for one, isn’t buying the Brazilian president’s attempts to shake off her anti-market vibe. On March 24th the agency cut Brazil’s credit rating. Debt denominated in local currency, the real, and foreign-currency bonds both fell by a notch, to BBB+ and BBB-, respectively.
Explaining its downgrade, S&P cited fiscal deficits in recent years, measly growth prospects, and the use of accounting tricks, state-owned banks and one-off revenues (like the sale of a concession for the exploitation of a big oil field) to flatter the budget balance. It sees only a “mixed” chance of reform before elections in October, which Ms Rousseff is expected to win, or indeed afterwards.
The president will breathe one sigh of relief. Brazil avoided a slide into speculative-grade territory (just, in the case of foreign-currency paper), which some had feared. S&P's outlook for Brazilian debt is stable, although the agency warned of further cuts if it sees a “sharp” deterioration in external and fiscal accounts, or an “unravelling” of Brazil's commitment to pragmatic policies.
Although the downgrade is a reputational blow to Ms Rousseff, it is unclear that it will have much of an effect in practical terms. Foreign fixed-income investors have shown an insatiable appetite for Brazilian paper in recent weeks, salivating at near-13% yields. That is a percentage point higher than in Turkey, where inflation is running well above Brazil's 6% or so a year, and where foreign-exchange reserves are much less plump. An influx of new capital has helped the real to stabilise at around 2.35 to the dollar; it climbed in early trading on March 25th.
Ibovespa, Brazil’s main equity index, also opened up following the announcement. Foreign investors may be holding their nerve on the off-chance that Ms Rousseff loses the election. That, says one investment banker, could cause the market to spike. In his words, foreign fund-managers cannot afford to go light on Brazil and miss that chance, so they are staying put for now. By the same token, he expects a sell-off if Ms Rousseff is re-elected. It seems unlikely that the president will embrace sounder economic policy before October’s polls; but if she wins, she will have to move fast to signal that orthodoxy is in her blood as well as in her speeches.
FOLHA DE SAO PAULO – há 12 anos: A tragédia
Trata-se um “Dolarômetro” que tanto pode ser chamado de “Lulômetro” quanto de “Serrômetro”. Ao fulanizá-lo, transformou-o num elemento de satanização do candidato petista, assemelhando-o ao colesterol.
O Lulometro do Goldman Sachs - FSP junho de 2002 – Elio Gaspari
A casa bancária Goldman Sachs é hoje uma das grandes do gênero em Wall Street. Em 1929, quando foi fundada, viam-na como um covil de especuladores. Hoje, administra um ervanário de US$ 350 bilhões. Muita gente ganhou dinheiro com seus conselhos. E muita gente perdeu.
Em 1998, seus sábios armaram um esquema de alongamento da dívida russa (a 14% de juros anuais) e a casa ganhou US$ 59 milhões no negócio. Pena que tenha produzido um papel que em quatro anos não rendeu um ceitil. Foi também a maior alavanca de acesso de empresas da Internet à Bolsa de Nova York. Lançou e abençoou um serviço de noticiário eletrônico chamado TheStreet cuja ações valeram US$ 71 e hoje valem US$ 2,44.
Culpar os bancos de investimentos pelo mau desempenho de seus clientes é tolice. Mas o negócio da Goldman Sachs com a TheStreet foi outro. Segundo seu ex-editor Dave Kansas, atual colunista do “The Wall Street Journal”, a casa de Goldman e de Sachs deixou de dizer aos seus clientes que a empresa ia mal, desclassificando-a formalmente. Limitou-se a informar que pararia de acompanhá-la. Essa estratégia foi copiada pela Merrill Lynch que, por isso y otras cositas más, fez um acordo com a promotoria de Nova York ao preço de US$ 100 milhões para livrar-se de um processo.
Por conta dessas desgraças, em maio passado a Goldman Sachs transformou um de seus diretores em ombudsman. Ele deveria dar uma olhada no comportamento de sua empresa diante da sucessão presidencial brasileira. No último dia 6, um de seus analistas, Daniel Tenengauzer, enviou aos clientes um trabalho intitulado “Apresentando o Lulômetro” (“Introducing Lulometer”).
O “Lulômetro” baseia-se em duas elegantes equações. Junta dois dados reais, relacionados com operações de câmbio do mercado, e dois pares de incógnitas. Num par ficam as chances de vitória de Serra e a cotação da moeda americana no fim de outubro, depois do segundo turno. No outro, as chances de Lula e o valor do dólar pós-eleitoral. O freguês pode brincar com as equações. Se ele estima, por exemplo, que Lula tem 47% de chances de vitória, o “Lulômetro” avisa que essa previsão implica um dólar de R$ 2,52 na vitória tucana e R$ 3,04 na petista. Inversamente, se ele quer saber qual previsão eleitoral está embutida num dólar de R$ 2,52, é informado que ela corresponde a um palpite de 53% de chances para Serra.
O problema do doutor Tenengauzer está no nome que deu ao brinquedo. Trata-se um “Dolarômetro” que tanto pode ser chamado de “Lulômetro” quanto de “Serrômetro”. Ao fulanizá-lo, transformou-o num elemento de satanização do candidato petista, assemelhando-o ao colesterol.
É seu direito, mas é também direito alheio achar que a Goldman Sachs não deve associar seu nome a brincadeiras desse tipo. Sobretudo quando a mesma casa, numa futurologia sobre futebol. informa o seguinte a respeito da candidatura de José Serra:
“Nós acreditamos que suas realizações, a recuperação da popularidade do presidente Cardoso, o amplo apoio da imprensa e dos grupos de pressão financeiros e industriais e grandes investimentos federais são fatores capazes de turbinar a campanha de Serra, levando-o ao palácio presidencial em janeiro de 2003.”
Diria melhor se dissesse assim:
“...com o amplo apoio da imprensa, o nosso e o dos grupos de pressão financeiros...”
Até a crise de 1999 a Goldman Sachs nunca disse uma palavra a respeito do populismo cambial do dólar de R$ 1,20. Pelo contrário, durante o ano eleitoral de 1998 fez a gentileza de oferecer um jantar a FFHH em janeiro. Nele, seu presidente disse: “Existe um clima de confiança em relação ao Brasil e eu não acredito num contágio da crise asiática na América Latina”.
Com o real na breca, o doutor Armínio Fraga foi para a presidência do Banco Central. Chegou a Brasília com vários nomes para a sua diretoria, entre eles o do economista Paulo Leme, diretor da Goldman Sachs. Num exercício de audácia (ou de incompreensão do que é um risco político) ele defendeu a privatização da Petrobras e do Banco do Brasil. Foi dormir diretor do BC e acordou de novo na Goldman Sachs. O doutor Leme está citado no texto do “Lulômetro”, informando uma banalidade segundo a qual o aumento do risco político afastará capitais externos e contribuirá para a deterioração do real.
Os relatórios da Goldman Sachs deveriam circular no Brasil com um carimbo:
“O Ministério da Saúde adverte: lê-los como se fossem ponto de vista de um observador desinteressado faz mal à inteligência”.
WHO CONTROLS THE PAST NOW CONTROLS THE FUTURE WHO CONTROLS THE PRESENT CONTROLS THE PAST
No comments:
Post a Comment