Estamos num ano eleitoral tal
como estávamos em 2002 ou em 1998. Não é difícil lembrar do cenário econômico:
Com a quebra da Rússia em set/1998 e as eleições em out/1998 o governo de FHC
para garantir sua reeleição segurou a âncora cambial para não correr o risco de
levar a eleição ao segundo turno, o resultado já sabemos, em jan/1999 a âncora
foi solta o tecnicamente Brasil quebrou e tivemos que bater nas portas do
FMI.
Já em 2002, após o apagão e com
índices de violência alarmantes, altíssimo desemprego e greves no serviço
público e com a Argentina quebrada o candidato Serra perdeu de forma
acachapante para o Lula no segundo turno. Agora, 12 anos depois, temos uma
crise nos emergentes, a Argentina continua vacilando, mas diversos indicadores
melhoraram muito graças ao boom dos emergentes combinada com os
programas sociais e a política de desenvolvimento produtivo liderada pelo BNDES
(que no passado financiava a velha oligarquia tupiniquim como o clãs mineiros
da Andrade Gutierrez ou clãs como os Jereissati na comprar da Telebrás).
Mas 12 anos não são suficientes
para superar as contradições de um país com mentalidade colonizada com uma
economia tão dependente das exportações commodities e com uma burguesia
letárgica combinada com uma aristocracia medieval (nas partes não industriais)
que só participam da política para dividir seus riscos com o Estado e mandar
seus lucros pra paraísos fiscais.
Se houve involução não devemos
culpar só o Estado, devemos pensar num conceito amplo, proponho o termo cunhado
pelo economista da Casa das Garças Edmar Bacha que nos anos 1980 cunhou o termo
Belíndia. Então, do
lado, Bélgica, tems o leviatã Tupiniquim com seu palco modernista e
atrasado, Brasilia, junto com burguesias do centro sul e algumas burguesias
latifundiárias do Centro-Oeste que graças a esse Estado tem Terra (a
propriedade das novas fronteiras agrícolas são facilmente questionáveis) e
Crédito (via BNDES ou resgaste de Bancos) para na forma dos oligopólios
nacionais (ANFAVEA, TELEFONICAS,FEBRABAN,
AMBEV, BRFOODS, CBD, GASOL e PAULOCTAVIO) vender produtos com mark-up elevado
combinado com altos impostos a um povo descendente de mamelucos e escravos,
ferrado por natureza, que graças a capilarização do crédito hoje faz um leasing
do almoço para comer a janta.
Por
piores que estejamos em termos absolutos já estivemos pior. Se colocarmos
nosso passado em perspectiva e observar que desde a época que o herdeiro da
metrópole gritou “independência ou morte” mediante generosa indenização em Sterling
Pounds dos lucros cessantes a Portugal, ou desde a época em que o bolo só
crescia para depois ser divido, ou da época em que o FMI e o Clube de Paris
ditavam nossa política econômica pelo NOSSO bem, constatamos que nosso presente
é fruto do passado assim como um cogumelo que nasce em bosta de vaca.
Portanto mesmo estando certa, a questionável Fitch direciona seu
relatórios àqueles que não trafegam pela senzala e não conseguem mensurar o
impacto que as políticas sociais deram a um povo que só assistia consumo por
que não tinha crédito nem trabalho. Acho que pros investidores e consumidores
sobretudo os das Classes A e B, acho que o país pode não ter mudado muito e
talvez tenha involuído, mas para aqueles que vendiam o almoço pra comer a
janta, hoje eles não precisam se alavancar tanto para ter o básico.
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