Wednesday, March 12, 2014

Estamos num ano eleitoral tal como estávamos em 2002 ou em 1998. Não é difícil lembrar do cenário econômico: Com a quebra da Rússia em set/1998 e as eleições em out/1998 o governo de FHC para garantir sua reeleição segurou a âncora cambial para não correr o risco de levar a eleição ao segundo turno, o resultado já sabemos, em jan/1999 a âncora foi solta o tecnicamente  Brasil quebrou e tivemos que bater nas portas do FMI.  

Já em 2002, após o apagão e com índices de violência alarmantes, altíssimo desemprego e greves no serviço público e com a Argentina quebrada o candidato Serra perdeu de forma acachapante para o Lula no segundo turno. Agora, 12 anos depois, temos uma crise nos emergentes, a Argentina continua vacilando, mas diversos indicadores melhoraram muito graças ao boom dos emergentes combinada com os programas sociais e a política de desenvolvimento produtivo liderada pelo BNDES (que no passado financiava a velha oligarquia tupiniquim como o clãs mineiros da Andrade Gutierrez ou clãs como os Jereissati na comprar da Telebrás).

Mas 12 anos não são suficientes para superar as contradições de um país com mentalidade colonizada com uma economia tão dependente das exportações commodities e com uma burguesia letárgica combinada com uma aristocracia medieval (nas partes não industriais) que só participam da política para dividir seus riscos com o Estado e mandar seus lucros pra paraísos fiscais.

Se houve involução não devemos culpar só o Estado, devemos pensar num conceito amplo, proponho o termo cunhado pelo economista da Casa das Garças Edmar Bacha que nos anos 1980 cunhou o termo Belíndia. Então, do lado, Bélgica, tems o leviatã Tupiniquim com seu palco  modernista e atrasado, Brasilia, junto com burguesias do centro sul e algumas burguesias latifundiárias do Centro-Oeste que graças a esse Estado tem Terra (a propriedade das novas fronteiras agrícolas são facilmente questionáveis) e Crédito (via BNDES ou resgaste de Bancos) para na forma dos oligopólios nacionais (ANFAVEA, TELEFONICAS,FEBRABAN, AMBEV, BRFOODS, CBD, GASOL e PAULOCTAVIO) vender produtos com mark-up elevado combinado com altos impostos a um povo descendente de mamelucos e escravos, ferrado por natureza, que graças a capilarização do crédito hoje faz um leasing do almoço para comer a janta.


Por piores que estejamos em termos absolutos já estivemos pior. Se colocarmos nosso passado em perspectiva e observar que desde a época que o herdeiro da metrópole gritou “independência ou morte” mediante generosa indenização em Sterling Pounds dos lucros cessantes a Portugal, ou desde a época em que o bolo só crescia para depois ser divido, ou da época em que o FMI e o Clube de Paris ditavam nossa política econômica pelo NOSSO bem, constatamos que nosso presente é fruto do passado assim como um cogumelo que nasce em bosta de vaca.  Portanto mesmo estando certa, a questionável Fitch direciona seu relatórios àqueles que não trafegam pela senzala e não conseguem mensurar o impacto que as políticas sociais deram a um povo que só assistia consumo por que não tinha crédito nem trabalho. Acho que pros investidores e consumidores sobretudo os das Classes A e B, acho que o país pode não ter mudado muito e talvez tenha involuído, mas para aqueles que vendiam o almoço pra comer a janta, hoje eles não precisam se alavancar tanto para ter o básico.

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