Friday, March 21, 2014

Carta a um engenheiro de 60 anos.

Vc é inteligente e por isso te respeito, mas tenho a impressão que suas ideias e seus argumentos são de uma geração que tem valores de liberdade individual suprimidos. Sua geração foi importante e decisiva para uma época que estavam colocando aos trancos e barrancos muito fermento no bolo(crescer o bolo pra depois distribuir). Nessa época engenharia era a profissão mais importante e incentivada pelo ESTADO, havia nas universidades agentes infiltrados para garantir que conteúdos subversivos não fossem repassados aos alunos. Assim, os jovens mais brilhantes dessa geração cursaram o disputado curso de engenharia. Essa geração como um todo foi moldada pelo estado que precisava de engenheiros para construir o Brasil.

Infelizmente, já nos 1980s o  Brasil quebrava e deixava na rua muitos engenheiros formados na década anterior. Para piorar a década perdida foi sucedida por uma década perversa, quando ocorreu muito desinvestimento e o mercado para engenheiros ficou ainda mais restrito. Ainda bem que com entrada do PT no poder um alento para classes média assalariada como a que faço parte a vida melhorou em todos aspectos, mais emprego, renda e menos violência. Mas ainda continua uma merda...

E essa merda vai sempre estar ai. A ditadura conseguiu suplantar todo pensamento que nos facultava pensar de forma diferente o país: o que significa estar num país que há pouco tempo reinavam escravocratas e onde hoje reinam rentistas que se apropriam do seus lucros fáceis e coletivizam o prejuízo com apoio do Estado? O patrimonialismo foi reforçado durante a ditadura e continua evidente mesmo na época da internet 2.0.

O debate sobre desigualdade está na moda nos principais thinktanks de economia do mundo, esses estudiosos estão preocupados com o avanço da participação do capital no produto frente ao trabalho. A preocupação comum nesses estudos é como a desigualdade representa ameaça para as instituições democráticas.


Mesmo com o aumento da desigualde nos Esteites/Europa, eles ainda estão muito longe alcançar nossa Belindia. É irônico então que se o aumento da desigualdade nos EUA e EUROPA representam uma ameaça as instituições, fico pensando a respeito de como são as instituições no Brasil em que a desigualdade é perene e existe desde sempre...Daí nosso cinismo de Homem Cordial.... Acho que isso explica bastante a questão da falência política do país. Mas se além de  formarmos engenheiros que amavam o Brasil se tivéssemos o mesmo carinho com os que deixavam o país por querer muda-lo, talvez teríamos feito as reformas de base e teríamos condições hoje de ter mais igualdade e portanto mais legitimidade das instituições políticas.....De qualquer forma ainda existem políticos e alguns partidos ainda tem algumas figuras respeitáveis que nos dão esperanças de um futuro para a decadente democracia a tupiniquim. 

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