Wednesday, March 19, 2014

50 anos de Revolução

O cenário que antecede o golpe tinha sido um tempo traumático para a direita, derrotada três vezes nas eleições presidenciais e frustrada quando triunfou pela única vez. Assim, o golpe possibilitou o dominio "legítimo" do grande capital nacional e internacional, com um modelo exportador e de consumo de luxo. O bolo cresceu mas não foi dividido, a recuperação econômica ocorreu na forma de um milagre propagandeado e durou apenas até a crise da dívida e as greves do ABC, que levaram o regime à sua fase terminal

Não houve democratização econômica e social, deixando incólumes o poder dos bancos, dos latifundiários, dos meios de comunicação, das grandes corporações industriais e comerciais, nacionais e estrangeiras.

Depois de um periodo de transição com eleição indireta(apesar do clamor de Diretas) e fiasco econômico e social o país elegia depois de 25 anos um presidente na era da mídia televisiva: Collor, um projeto de Carlos Menen, introduziu com seus dois motes demagógicos: os carros fabricados aqui seriam "carroças", apontando para abertura escancarada do mercado interno;  e os funcionários públicos seriam "marajas", apontando para o Estado mínimo e a centralidade do mercado. Sua queda deixou truncado esse processo, que foi retomado pelo FHC.

Como Collor não conseguiu fazer todo o trabalho sujo das privatizações e do desmonte do Estado, para que o FHC aparecesse como a "terceira via", estilo Tony Blair e Bill Clinton. FHC teve que vestir o tailleur da Margareth Thatcher e cumprir as tarefas duras do receituário neoliberal. Assim, devido aos contratempos políticos de Collor, o Brasil experimentou um neoliberalismo tardio, já contemporâneo da crise mexicana,

FHC teve sucesso no controle imediato da inflação, suficiente para se reeleger. Mas ao preço de jogar a economia do pais numa estagnação profunda e prolongada, que levaria ao fracasso do seu governo - incluindo a retomada da inflação e um gigantesco défice publico endividamento com o FMI


Lula recebeu uma herança maldita, a partir da qual organizou uma cautelosa transição nos seus primeiros anos de governo - a era Palocci - até a passagem à era do modelo econômico e social, que explica o enorme apoio popular do seu governo e do da Dilma.

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