50 anos de Revolução
O cenário que antecede o golpe tinha sido
um tempo traumático para a direita, derrotada três vezes nas eleições
presidenciais e frustrada quando triunfou pela única vez. Assim, o golpe possibilitou
o dominio "legítimo" do grande capital nacional e internacional, com
um modelo exportador e de consumo de luxo. O bolo cresceu mas não foi dividido,
a recuperação econômica ocorreu na forma de um milagre propagandeado e durou
apenas até a crise da dívida e as greves do ABC, que levaram o regime à sua
fase terminal
Não houve democratização econômica e
social, deixando incólumes o poder dos bancos, dos latifundiários, dos meios de
comunicação, das grandes corporações industriais e comerciais, nacionais e
estrangeiras.
Depois de um periodo de transição com
eleição indireta(apesar do clamor de Diretas) e fiasco econômico e social o
país elegia depois de 25 anos um presidente na era da mídia televisiva: Collor,
um projeto de Carlos Menen, introduziu com seus dois motes demagógicos: os
carros fabricados aqui seriam "carroças", apontando para abertura
escancarada do mercado interno; e os funcionários públicos seriam
"marajas", apontando para o Estado mínimo e a centralidade do
mercado. Sua queda deixou truncado esse processo, que foi retomado pelo FHC.
Como Collor não conseguiu fazer todo o
trabalho sujo das privatizações e do desmonte do Estado, para que o FHC
aparecesse como a "terceira via", estilo Tony Blair e Bill Clinton.
FHC teve que vestir o tailleur da Margareth Thatcher e cumprir as tarefas duras
do receituário neoliberal. Assim, devido aos contratempos políticos de Collor,
o Brasil experimentou um neoliberalismo tardio, já contemporâneo da crise
mexicana,
FHC teve sucesso no controle imediato da
inflação, suficiente para se reeleger. Mas ao preço de jogar a economia do pais
numa estagnação profunda e prolongada, que levaria ao fracasso do seu governo -
incluindo a retomada da inflação e um gigantesco défice publico endividamento
com o FMI
Lula recebeu uma herança maldita, a partir
da qual organizou uma cautelosa transição nos seus primeiros anos de governo -
a era Palocci - até a passagem à era do modelo econômico e social, que explica
o enorme apoio popular do seu governo e do da Dilma.
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