Por Vanessa Jurgenfeld
Professor da Universidade Paris 13 e pesquisador das economias
latino-americanas, o francês Pierre Salama acredita que o aumento da
financeirização da economia brasileira levará a uma maior precarização no
mercado de trabalho e a uma tendência de redução da taxa de crescimento dos
salários. A boa fase do mercado de trabalho doméstico, segundo ele, já dá sinais
de que acabou.
Autor de livros publicados no país como "O Desafio das
Desigualdades", Salama esteve no Brasil há poucos dias para debater o
mercado de trabalho mundial, e especificamente o mercado de trabalho
brasileiro. Ele participou de evento na União Geral dos Trabalhadores (UGT) e
deu uma palestra na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Salama entende que o fato de as grandes empresas cada vez mais estarem
voltadas a fornecer ganhos aos seus acionistas do mercado financeiro, de forma
que destinam uma parcela crescente de seus lucros para pagamentos de
dividendos, ocorre em detrimento da aplicação do lucro em investimentos em
capital produtivo. Esse processo de financeirização, segundo ele, está por trás
do baixo nível de investimentos industriais em economias como a brasileira e
também é pano de fundo para a falta de melhoria na produtividade industrial.
Segundo Salama, se não há investimentos produtivos e nem preocupações
significativas com avanços tecnológicos para ganhos de competitividade, a saída
buscada pelas empresas para melhorar sua situação acaba sendo, em última
instância, em cima da precarização do trabalho e na pressão sobre os salários,
algo que ele já vê ocorrendo na França.
Segundo ele, a evolução de 2009 para cá no pagamento de dividendos
mundial é grande e muito mais frequentemente as empresas tomam decisão de
aumentar os dividendos. "Hoje, você pode ter aumento de lucro e aumento de
dividendo distribuído; uma queda do lucro e um crescimento dos dividendos; e
uma alta no lucro e uma queda dos investimentos", destacou.
O economista vai publicar em 2015 no Brasil, pela editora Unesp, o livro
"As economias emergentes latino-americanas: entre cigarras e
formigas". O título é uma metáfora de uma fábula de Jean de La Fontaine,
no qual as cigarras gostam de dançar, as formigas, de trabalhar. Na sua
avaliação, o Brasil estaria entre esses dois "mundos": uma economia
bastante rentista (os aspectos das cigarras), mas que tem também possibilidade
maior do que tinha nos anos 1990 de obter um taxa de crescimento um pouco mais
forte. Mas ele mesmo diz que talvez, quando escreveu a edição em francês
(publicada em 2012), estivesse otimista demais porque hoje acredita que o
Brasil está frente a um enfraquecimento do seu crescimento.
Para Salama, o país está perto de entrar em um processo que ele chama de
"financeirização perversa", parecido ao que está em vigor em diversos
países centrais. Isso alteraria o cenário dos últimos oito anos, quando,
segundo ele, o país chegou a viver uma "financeirização feliz",
porque ao mesmo tempo que a preponderância das finanças avançava sobre as
operações das corporações, ainda conseguia melhorar os ganhos reais dos
salários no país e havia uma diminuição da taxa de desemprego. Mas esse período
passou, afirma.
A seguir, confira trechos da entrevista concedida ao Valor:
Valor: O sr tem dito que o aumento da financeirização
leva a uma aceleração da precarização no mercado de trabalho em várias
economias do globo. O sr. pode explicar melhor essa relação?
Pierre Salama: Estou certo disso. A
financeirização perversa, como a que existe hoje na França e em muitos outros
países, especialmente nos países centrais, implica em um aumento mais fraco do
salário, aumento da rotatividade, e da flexibilização da jornada de trabalho. A
onda negativa sobre o mercado trabalho resulta do peso mais forte do poder dos
acionistas.
"Financeirização significa que hoje se paga mais dividendos aos
acionistas das empresas em prejuízo do investimento"
Valor: Mas o sr comentou recentemente que aqui no
Brasil o processo de financeirização da economia seria por enquanto um
"processo feliz". O que o sr quis dizer com isso?
Salama: O uso do termo 'financeirização feliz' foi uma
provocação. Quis dizer que, ao contrário do que se passa nos países avançados,
a financeirização não veio acompanhada no Brasil por enquanto de taxa de
desemprego bastante alta nem de redução de salários. Aqui nos últimos anos,
oito anos mais ou menos, o aumento da financeirização veio acompanhado de
crescimento dos salários e de uma taxa de emprego alta. É o contrário do que se
passa na França hoje e em outros países da Europa. Aparentemente, aqui no
Brasil estamos frente a uma 'financeirização feliz'. Mas isso pode se
transformar em uma espécie de miragem.
Valor: Por que uma miragem?
Salama: A financeirização aqui se parece com um tigre de
papel, mas o problema é saber se esse tigre de papel tem ou não dentes atômicos
e eu acho que ele tem. No último ano, pudemos ver os primeiros efeitos
negativos da financeirização, com um enfraquecimento da taxa de crescimento do
PIB e do salário etc. Isso, na verdade, começou a ocorrer há cerca de um ano no
Brasil. A época feliz do salário e do mercado de trabalho de maneira geral
chegou num limite e está acabada no Brasil. O Brasil entra agora num processo
de circulo vicioso que implica hoje mudar de modelo e não fazer como se isso
não fosse nada. É preciso ter uma retomada da taxa de crescimento, aumento dos
investimentos em saúde e educação. Isso passa por uma postura contra a
financeirização. O Brasil deve aprender o que foi e o que é a financeirização
nos países avançados.
Valor: O Sr. poderia indicar quais elementos o levam a
crer que esse limite no mercado de trabalho tenha sido de fato atingido?
Salama: O país está às vésperas de medidas de austeridade,
você verá isso depois das eleições. E isso significa que a política favorável
aos salários encontra limites. O "gap" entre consumo de bens e
produção é cada dia mais importante e só as importações de bens permitem fechar
esta brecha. O saldo da balança comercial é quase negativo. O saldo do balanço
de transações correntes é muito negativo. A situação é difícil porque a única
maneira de superar os problemas é a entrada de capitais, vale dizer mantendo
uma taxa de câmbio apreciada, vale dizer favorecendo ainda mais a
desindustrialização (salvo se a produtividade aumentar), o que significa um
aumento da taxa de desemprego e que o aumento dos salários será mais fraco.
Então, o Brasil está perto da financeirização infeliz como temos na Europa.
Valor: O momento é bem mais difícil?
Salama: Sim, você pode ver que há um enfraquecimento
bastante forte da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro
e da taxa de aumento dos salários. A balança comercial hoje tem muitos
problemas, especialmente a balança comercial industrial, que está completamente
em déficit. Agora, o país depende ainda mais de entrada de capitais. É uma
situação de bastante vulnerabilidade. Há pouco tempo, a sorte do Brasil era que
o preço de matérias-primas havia subido e também os volumes cresceram nos
últimos anos. Isso permitiu que o problema de balança comercial fosse resolvido
por algum tempo. Em lugar de déficit, houve um excedente comercial bastante
forte. Isso permitiu que a questão da desindustrialização do país - uma
realidade para a indústria de transformação - e a capacidade de o industrial
responder à demanda não fosse um problema grave na medida que se podia comprar
bens importados. Mas hoje não é mais assim.
Valor: Há então alguns equívocos na política econômica
recente do governo brasileiro, ao não dar prioridade para a indústria?
Salama: Acho que se fala muito e se faz pouco no Brasil. A
política do governo é uma política pendular. Um dia se favorece uma coisa e
noutro dia se favorece uma coisa completamente contrária. Basta olhar o nível
da taxa de câmbio - apreciada ou não apreciada - e da taxa de juro, um dia
vamos baixá-la, noutro vamos aumentá-la na perspectiva do combate à inflação.
Não me parece uma política coerente.
Valor: O sr. está se referindo ao governo Dilma
Rousseff?
Salama: Sim, aos dois últimos anos do governo Dilma. O país
deve ter taxa de câmbio mais depreciada e taxa de juros muito menos alta. E
deve haver um esforço do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para favorecer alguns setores industriais. Se você favorece setores com
uma taxa de juros menos alta, você faz uma aposta contra o sistema financeiro.
Isso [a relação com o sistema financeiro] explica a questão pendulária que se
vive hoje.
Valor: O sr comentou que o país deveria adotar uma
postura contra a ampliação da financeirização da economia brasileira, qual
deveria ser essa postura?
Salama: Deveria adotar postura contra a financeirização e
contra a primarização excessiva. Isso não quer dizer que sou contra as
finanças, no sentido da concessão do crédito para desenvolver a economia. Eu
sou absolutamente contra a financeirização, porque ela significa que hoje se
paga mais e mais juros e dividendos para os acionistas das empresas, de forma
que há um peso cada vez mais forte dos acionistas do mercado financeiro na
empresa. Esse é um processo que se faz em prejuízo dos investimentos no setor
produtivo. Isso explica os efeitos indiretos sobre a primarização da economia e
sobre a desindustrialização precoce. A única maneira de sair de tudo isso é
limitar a financeirização. Isso implica uma mudança bastante grande em nível de
controle de capitais e também em nível de sistema tributário, para que o
capital pague mais imposto do que hoje paga. Isso poderia limitar a importância
dos acionistas.
Valor: Falta apoio ao setor industrial no Brasil, o
que deveria ser feito, na sua opinião?
Salama: Não sou contra o país se aproveitar da existência
de recursos naturais, mas não sou favorável a isso a partir do momento que esse
processo ocorre contra a industrialização, por meio de uma taxa de câmbio
apreciada. O que quer dizer é que de uma certa maneira seria muito bom que o
Brasil descobrisse como usar matérias-primas para favorecer sua própria
indústria e não para combatê-la. Isso seria importante para o país não sofrer a
doença holandesa. O país terá que fazer duas coisas. A primeira é uma política
industrial estratégica. E felizmente existe um banco de desenvolvimento
bastante forte no país que se chama BNDES, coisa que não existe em vários
outros países, e ele poderia favorecer uma política industrial mais agressiva
por parte do Estado. E a segunda coisa é que o dinheiro que vem da primarização
da economia deveria ser usado para preparar o futuro e não para favorecer
políticas sociais. Essas deveriam ser favorecidas por uma mudança no sistema
tributário. O dinheiro de exportação de matérias-primas deveria ser usado para
favorecer os esforços de pesquisa para o futuro. O esforço aqui no Brasil para
isso é quase nada. Fala-se muito em pesquisa, mas só 1% do PIB do Brasil vai
para pesquisa. Em países como Coreia do Sul isso representa quase 4% do PIB, na
França é 2,4% e é insuficiente.
"Sou otimista com o Mercosul. A integração latina é a única maneira
de resistir à China, senão Golias vai comer Davi"
Valor: Essa preferência de pagamento de dividendos com
o lucro das empresas em detrimento de usar esses recursos do lucro para novos
investimentos explica, na sua opinião, a baixa taxa de investimento em
economias como o Brasil nos últimos anos?
Salama: Esses 18% de taxa de investimento em relação ao PIB
como ocorre atualmente no Brasil é quase nada. Na China, isso é bem mais alto,
entre 45% e 48%. E todos os países que tiveram uma decolagem, durante a sua
época de decolagem [em inglês, catch up], como a Coreia do Sul, era entre 30% e
35%.
Valor: Quais os riscos dessa balança mais favorável
para a remessa de lucros como dividendos persistir no longo prazo em detrimento
dos investimentos?
Salama: Os riscos são a desindustrialização precoce. A taxa
de câmbio muito apreciada [devido à entrada maciça mais recente de investimento
de portfólio] mais a política em favor da distribuição dos dividendos não
deixam muitos recursos aos investimentos e favorecem políticas de curto prazo.
Vou te dar um dado. Se eu me lembro bem, no ano passado o pagamento de
dividendos e lucros repatriados da parte das firmas multinacionais no Brasil
foi de US$ 32 bilhões. Isso representa uma quantia muito grande. Os dados são
muito mais elevados do que diz a lei, que diz que 25% dos lucros podem ser
transformados em dividendos e lucros repatriados. Isso deve ser 50% no Brasil,
o que implica que não há dinheiro para investir.
Valor: Com esse foco em pagar dividendos, na sua
interpretação há um comprometimento do investimento das empresas especialmente
em tecnologia e isso prejudica a competitividade e faz uma pressão negativa
sobre os salários?
Salama: A produtividade média é bastante baixa no Brasil.
Em setores como automobilístico e no de aeronaves, com a Embraer, a
produtividade é alta, mas nos demais não. Se você não tem uma melhora no nível
da produtividade em geral porque você não tem uma taxa de investimento
importante, a única maneira de obter melhor competitividade é favorecendo a
queda do salário direto e indireto - por piora na saúde e da aposentadoria dos
trabalhadores [com redução dessas políticas].
Valor: Como pesquisador dos países latinos, como o sr
analisa o conflito atual entre Brasil e Argentina, na questão do bloqueio na
exportação de manufaturados brasileiros para a Argentina?
Salama: Sou otimista com a Argentina. Quantas vezes o
Mercosul devia explodir e não explodiu? Como quando houve uma hiperinflação no
Brasil no início dos anos 1990 e não na Argentina. A história da integração latina
é uma história de disputa. Não é a primeira vez que esse tipo de problema
existe. Não digo que deveria explodir. E nem que este não é um problema
importante. Mas, se fosse explodir, isso já teria ocorrido antes. O fato é que,
se o Mercosul não existir mais, será pior. Sou a favor da integração desses
países. Deve existir não só integração comercial, mas também integração
política. É preciso mais coordenação, um centro de decisão que seja mais ou
menos independente da parte do governo. Como resistir à China? A integração
latina é a única maneira de resistir à China, senão Golias vai comer Davi.
Seria ingênuo acreditar que os chineses estejam fazendo bravata. Mas imagino que existe uma negligência salutar do Politiburo tanto em liderar geopoliticamente como economicamente. Creio que a questão chinesa e de qualquer nação prestes a internacionalizar sua moeda seja a transição de formiga para cigarra. A China em termos Macro tem condições de torna-se uma cigarra mas isso tem um preço que seria a estagnação econômica de um país ainda pobre em termos per-capta o que traz o problema para a esfera microeconômica, como um empresário em uma província feudal como Xijiang vai competir por crédito em Yuan com um camponês em Mianmar? Isso se resolveria se a produtividade em Xijiang fosse bem maior que a de Mianmar, que ainda não é o caso, mas talvez isso não seja um futuro tão distante. A China precisa esgotar o processo de industrialização antes de iniciar a internacionalização de sua moeda caso contrário esse processo exigirá a manutenção de instituições políticas de natureza absolutista para legitimar um regime econômico extrativo. A processo econômico chinês ainda não oferece um sistema financeiro profundo combinado com uma moeda internacional, os riscos são maiores que os benefícios para eles.
ReplyDeleteSeguindo seu raciocínio: o Brasil se encontra inserido de forma acessória e não polar como a China. E as oportunidades que essa inserção acessória nos trazem podem ser estratégicas. Estamos muito mais preparados para internacionalização de nossa moeda que os chineses temos um câmbio flutuante e com liquidez, sistema financeiro profundo e bem conectado. Agora devemos pensar como extrair benefícios da inserção do Brasil na economia mundial e regional e identificar oportunidades para que o país seja uma plataforma para circulação de capitais sem por em risco o processo intrínseco de uma economia periférica com risco de desindustrialização por causa da financerização. Acho que o grande desafio e o motivo por que a internaciolização do BRL seja um tabu nessa instituição seja a natural preocupação com os setores cuja a competitividade seja comprometida por uma eventual apreciação do câmbio. Por outro, a modernização do sistema financeiro e sua maior oferta de recursos pode ajudar até mesmo a reverter esse processo de desindustrialização. Acho que é preguiçosa a postura de negar a maior internacionalização do real e o potencial do brasil em reexportar capitais mas temos que monitar os riscos intrínsecos desse processo para não limitar a discricionariedade dos agentes transmissores de política monetária no Brasil que infelizmente não é só o Banco Central....
Então como aproveitar dessas oportunidades que o capitalismo financeiro nos brinda sem cair na cilada da financerização maligna conforme descreve o economista francês?
• “A financeirização seduz aqueles que apostam na primarização da economia e deixa para geração futura as consequências da desindustrialização precoce. A única maneira de sair de tudo isso é limitar a financeirização. Isso implica uma mudança bastante grande em nível de controle de capitais e também em nível de sistema tributário, para que o capital pague mais imposto do que hoje paga. “
ReplyDelete• A maior financeirização da economia brasileira levará a uma maior precarização no mercado de trabalho e a uma tendência de redução da taxa de crescimento dos salários. O país está perto de entrar em um processo que ele chama de "financeirização perversa", parecido ao que está em vigor em diversos países centrais e deixar definitivamente a "financeirização feliz”.
OU SEJA: Os acionistas estrangeiros querem converter os investimentos do passado em dividendos no futuro, nada melhor que um sistema financeiro com pistas largas para que os lucros possam circular com eficiência para seus donos.
• A onda negativa sobre o mercado trabalho resulta do peso mais forte do poder dos acionistas. Isso explica o enfraquecimento bastante forte da taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e da taxa de aumento dos salário. É uma situação de bastante vulnerabilidade. Há pouco tempo, a sorte do Brasil era que o preço de matérias-primas havia subido e também os volumes cresceram nos últimos anos e muitos investimentos ingressaram no país. Hoje não é mais assim, foi-se o tempo em que a capacidade de o industrial responder à demanda não fosse um problema grave na medida que se podia comprar bens importados. Nos dois últimos anos do governo Dilma. O país deve ter taxa de câmbio mais depreciada e taxa de juros muito menos alta o que explica aproximação do teto inflacionário.
• Se você favorece setores com uma taxa de juros menos alta, você faz uma aposta contra o sistema financeiro. Isso [a relação com o sistema financeiro] explica a questão pendulária que se vive hoje. Deveria adotar postura contra a financeirização e contra a primarização excessiva. Há um peso cada vez mais forte dos acionistas do mercado financeiro na empresa. Esse é um processo que se faz em prejuízo dos investimentos no setor produtivo. A produtividade média é bastante baixa no Brasil. Em setores como automobilístico e no de aeronaves, com a Embraer, a produtividade é alta, mas nos demais não.
OU SEJA: Numa economia periférica a financeirização atende anseios de acionistas amortizar investimentos em Bancos e Commodities contra os dispostos a tomar riscos e investir no setores que o país não possui vantagem comparativa. Eis o dilema realizar lucros e ser cigarra ou investir lucros e ser formiga.
• Passaremos por um período eleitoral em véspera de medidas de austeridade. E isso significa que a política favorável aos salários encontra limites. O "gap" entre consumo de bens e produção é cada dia mais importante e só as importações de bens permitem fechar esta brecha. O saldo da balança comercial é quase negativo. O saldo do balanço de transações correntes é muito negativo. A situação é difícil porque a única maneira de superar os problemas é a entrada de capitais, vale dizer mantendo uma taxa de câmbio apreciada, vale dizer favorecendo ainda mais a desindustrialização (salvo se a produtividade aumentar), o que significa um aumento da taxa de desemprego e que o aumento dos salários será mais fraco. Então, o Brasil está perto da financeirização infeliz como temos na Europa.