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Um bom trabalho do sucessor de Gilberto Freyre no pensamento conservador a respeito da identidade brasileira: desigual e com a possibilidade de igual. Otimismo da história dos vencedores, a desigualdade, a fraqueza institucional são tratados mais como fatalidades do que como produtos de processo histórico marcado pela exploração passiva-agressiva da cordialidade cínica. Uma obra curta e bem escrita, vale a pena a leitura desde ciente do tecnicismo por meio do qual Da Matta tenta se distanciar das questões mais polêmicas a respeito da evolução institucional tupiniquim.
A casa e a rua refletem as ambigüidades da sociedade brasileira, são diferentes conjuntos de valores cuja abrangência pode variar muito em função de seu referencial. A casa é o espaço da compreensão, do diálogo, da individualidade. A rua é o espaço da impessoalidade, do isolamento quando propõe a sociedade brasileira (entre outras sociedades ibero-americanas) como uma SOCIEDADE RELACIONAL
as ações dos indivíduos variam em função das amizades, dos contatos que se tem. O exercício da cidadania até existe, mas num âmbito muito mais individualista do que cidadão de fato, refletindo mais uma vez o anseio do brasileiro por transportar os valores da casa para a rua, de ser entendido como indivíduo.Tomando como referência algumas obras de Jorge Amado, principalmente Dona Flor e seus dois maridos, o autor trata da dualidade brasileira, do lado festeiro e do lado racional, da liberdade e da legalidade de nossos atos, da casa e da rua – e a mulher como peça de ligação e intermediadora destes dois extremos.
o Brasil não é nem o país do Carnaval, nem a pátria do ‘homem cordial’, nem o território da violência. Também não é a sociedade feita inteiramente de feudalismo e desordens admnistrativas. O Brasil é o país do Carnaval e é também e simultaneamente a sociedade do ‘sério’, do ‘legal’, das comemorações cívicas e das leis que têm exceções para os bem-nascidos e relacionados. Tudo indica que fazemos como fez Dona Flor, buscando juntar sistematicamente esses pólos
Por não estar mais sujeito aos valores éticos e morais que regem o nosso mundo, o morto adquire um novo status, em que seus pecados parecem ser subitamente absolvidos aos olhos daqueles que o conheceram vida. É possível que se faça uma discussão acerca da desvalorização por parte da sociedade brasileira dos espaços públicos, bem como do significado profundo que o lar adquire para essa sociedade.
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