Sensual overload of richness and strangeness and sadness
It is a pure sensual overload of richness and strangeness and sadness, a film sometimes on the point of swooning with dissolute languour, savouring its own ennui like a truffle.An ageing man-about-town at the centre of Rome's fashionable nightlife, elegant as a vampire. Jep's face is a mask of polite disenchantment, but often creasing into a grin of willed, cultivated pleasure. This is probably why the movie begins with the death of a Japanese tourist as he admires a panoramic view of the whole of Rome from the Janiculum, a hill west of the river Tiber. The city's beauty seems to imply and demand something he cannot resist. Jep's face is a mask of polite disenchantment, but often creasing into a grin of willed, cultivated pleasure is constantly looking for new ways to fulfil his life, as if the best part has already gone. He is not alone. His group of bourgeois friends, aged over 60, (some of whom are inspired by real writers, intellectuals and artists), resist by attending trashy parties; it's a generation incapable of growing up."it drags away with force the leftist anti-Berlusconi militant ideology which is blind and stupid". He is famous for his journalism, and for having written one promising novel in his 20s and nothing else, but more for knowing everyone who matters. The movie is his final Proustian passeggiata.
'A
Grande Beleza': Vida agridoce de um "dandy" italiano
"A
Grande Beleza", de Paolo Sorrentino, é uma deambulação tragicómica pela
vida (sobretudo interior) de um intelectual de meia-idade estacionado entre
reminiscências e uma certa paralisia emocional. Nomeado para o Óscar de Melhor
Filme Estrangeiro
Em As Consequências do Amor (2004), a segunda longa-metragem de
Paolo Sorrentino, o protagonista, interpretado por Toni Servillo (tal como o de
A Grande Beleza), dizia que a pior coisa que podia acontecer a um homem que
passa muito tempo sozinho é perder a imaginação. Dez anos volvidos sobre esse
filme, Paolo Sorrentino parece habitar um lugar menos solipsista, embora A
Grande Beleza reforce a ideia de estarmos perante um autor individualista,
melancólico, meditativo. Isto porque a personagem central do seu novo filme é
um homem sexagenário que, apesar de abandonado pelas musas, tem uma vida
interior abundante.
Esse homem é Jep Gambardella (Servillo), um jornalista que vemos
celebrar o seu 65.º aniversário numa festa báquica no terraço de um edifício da
cidade de Roma. Cansado da vida de frivolidade hedonista que leva, e depois de
receber a notícia da morte do seu primeiro amor, Jep é acometido por memórias
dos tempos em que era uma promessa literária (publicou aos vinte e tal anos um
livro elogiado pela crítica) enquanto deambula pela vida (pelas ruas de Roma,
em jantares e conversas com amigos, e pelo espetáculo elegante mas desiludido e
entristecido da sua alma).
Jep é uma espécie de neo-dandy, um flâneur baudelariano do século
XXI, um literato lânguido e um tanto ocioso para quem a preguiça é criativa.
Ele é um bon vivant, alguém que aprecia a beleza, um esteta decadente,
deambulando pelos seus devaneios, sonhos arruinados, ruínas de projetos
falhados (que encontram nas ruínas do Coliseu, sobre o qual a varanda do seu
apartamento permite uma panorâmica, um correlato do seu mundo interior,
devastado pela erosão do tempo e da desilusão). A sua existência é uma
tragicomédia, bem-humorada e palradora à superfície, mundana em contraste com o
apelo metafísico da Cidade Eterna, mas escondendo a um nível mais profundo uma
índole melancólica, dionisíaca, neurasténica. Como disse um crítico, ele quer
viver, mas a própria ideia de vida é demasiado estreita para ele. Ele busca o
sentimento do sublime, "as intratáveis e inconstantes pinceladas da
beleza", como se só a vida imaginada, o idealizado, o delírio suave, a
fantasia que mascara a fealdade e o horror da realidade, obscena condição cujo
melhor antídoto é o sonho, a arte e o deleite estético, o satisfizessem.
Descrito como uma intersecção entre o hedonismo de A Doce Vida e a
paralisia emocional de Oito e Meio, A Grande Beleza é um delírio felliniano
sobre um novo decadente, imerso no tédio da existência moderna, e uma
portentosa ode à capital de Itália (como o era Roma, de Fellini). E, como alguém
notou também, uma resposta pós-moderna à interrogação de Federico Fellini: como
podemos transformar o niilismo de uma praga existencial num modo de vida
decente? Na sua indiferença atenta, o protagonista de A Grande Beleza é um
humanista com um estranho sentimento espiritual da existência.
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