Monday, July 21, 2014

O novo banco é uma aposta financeira e política

Na "velha ordem" do Banco Mundial, os burocratas esconderam nas gavetas da instituição, há mais de um ano, o projeto que deveria orientar a estratégia do banco para a Argentina. Enquanto isso, em tempo recorde, aprovou-se pacote bilionário para a Ucrânia, nação em pedaços, sem estabilidade financeira e em guerra civil.
A China já investe na constituição de um organismo financeiro semelhante, só com países asiáticos; o BNDES brasileiro emprestou, só no ano passado, mais de R$ 62 bilhões em projetos de infraestrutura no Brasil e R$ 58 bilhões para investimentos industriais no país, valor em dólares próximo ao capital do novo banco.
Joseph Stiglitz à agência Russia Today, "o que ele [o banco dos Brics] está dizendo realmente é que, apesar de todas as diferenças, os mercados emergentes podem operar juntos, de um modo mais efetivo do que operam os países avançados". O comportamento dos cinco sócios, que, no papel, têm o mesmo poder de decisão e de veto; basta a discordância de um país para barrar qualquer medida, o que contraria a tese de poderosos chineses.
os representantes da Índia disseram não aceitar nem a sede do banco fora de Nova Déli.
Foi a presidente Dilma Rousseff quem determinou que teria de haver acordo, com a cessão do primeiro mandato da presidência à Índia. Coube ao Brasil a presidência do conselho de diretores, que, pelas negociações anteriores, deveria ser um cargo acumulado com a presidência executiva do banco.
o governo passou a argumentar que a presidência executiva do banco não será tão relevante nos anos iniciais da nova instituição.Fformato defendido pelo governo brasileiro, capaz de apoiar projetos de desenvolvimento, como faz o BNDES, a partir de análises bem fundamentadas tecnicamente - ainda que com evidentes desdobramentos geopolíticos.
Enquanto o presidente indiano (com um vice brasileiro), instalado em Xangai, tomará as providências práticas para o dia a dia, é o Conselho de Diretores presidido pelo Brasil quem definirá a estrutura de funcionamento da nova instituição, os critérios para contratação "por mérito" de funcionários e dirigentes, as normas para receber e processar projetos e pedidos de financiamento.
O anúncio, em Brasília, da disposição em dar apoio financeiro chinês de até US$ 35 bilhões aos países latino-americanos mostra que a China não precisa do novo banco dos Brics para estender sua influência bem além da Ásia e da África

A anunciada venda de jatos da Embraer, por exemplo, será impulsionada com um inédito acordo entre Eximbank chinês e BNDES, do qual resultará uma linha especial de financiamento especificamente criada para apoiar a venda de aeronaves. Linhas similares estão em cogitação para outros ramos de exportação. 

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